O Despertar da Dançarina Interior
O Despertar da Dançarina Interior
Um movimento que surgiu durante a apresentação que você nem sabia que era capaz de fazer, um momento em que os pensamentos pararam e o corpo apenas deixou levar-se pela música, uma sequência extremamente criativa que nunca havia sido treinada anteriormente, uma vontade de usar uma cor que nunca a havia chamado atenção, o surgimento de uma necessidade que os movimentos não conseguem suprir, apenas a palavra…
Sim, pode ser ela. A sua dançarina interior.
Ela está dentro de cada uma de nós e não se importa com a sua capacitação física ou com tempo de estudos. Ela sempre está lá. Só esperando…
O despertar pode acontecer em momentos diferentes para cada um.
Às vezes, ela aparece logo no comecinho, e é ela a responsável pelo interesse inicial pela dança. Às vezes ela fica adormecida e desperta apenas depois de um bom tempo de estudos.
Às vezes ela desperta e volta a dormir.
Durante todo o início do treinamento com aulas e estudos, costumamos trabalhar principalmente nosso físico e parte do intelecto de maneira mais mecânica e racional: treinos de aprendizado, aperfeiçoamento, resistência, leitura musical, improviso, coreografias, estudamos bailarinas antigas, modernas, as que gostamos mais…
De repente, é chegado o momento que as coisas parecem ter outro sentido. Novos movimentos, sequências e fórmulas definidas já não suprem mais todas as necessidades e as palavras da professora, contando uma experiência de sua carreira ou verbalizando seus próprios insights, tornam-se um bálsamo aos ouvidos.
Nesse momento, começamos a fazer, sem sentir, nossas próprias escolhas, e com elas desenvolvemos momentos só nossos. Momentos tão peculiares e especiais que há quem os chamem de estilo próprio, carisma e expressividade.
Quem os assiste, mesmo numa aula qualquer, vê os mesmos movimentos que a maioria sabe fazer, mas, junto com eles vê também uma inexplicável e admirável diferença.
Todos os termos anteriores passam a não ser mais suficiente e alguns passam a chamar de luz.
É com a dançarina interior que está nossa criatividade inesgotável, nossa luz, nossos insights e nossos momentos exclusivos.
É ela que nos alimenta com uma grande satisfação depois de uma apresentação. Uma satisfação que não tem relação com nosso ego.
É ela que faz com que um simples movimento transforme tudo ao redor e também com que, por alguns instantes, tudo seja esquecido e as emoções de todos fiquem em suas mãos.
Como despertá-la?
Bem, como no início dissemos: ela está adormecida e em nosso interior. Então, é preciso um mergulho profundo.
É preciso mergulhar dentro de si.
Aceitar, ouvir, acolher, compreender, vencer os medos, trabalhar todo o nosso interior.
E nós, que um dia pensamos que dançar era só aprender e treinar movimentos…
Pois é… uma hora descobrimos que isso é muito importante, mas existe algo além.
Expor o que temos dentro de nós pode nos causar alguma estranheza no início, mas somente assim conseguiremos alcançar nossa verdade. Somente assim nossa dançarina interior poderá despertar e dançar junto conosco. E somente então o outro encontrará a verdade no que estamos apresentando.
Abrir-se para ela é aceitar ouvir e aceitar e falar. É se permitir.
É descobrir que as propostas em sala de aula podem ser muito mais do que treinos.
É descobrir que a palavra também se transforma em movimento.
No seu movimento.
Nesrine Bellydance]]>
Q lindo!!! Amei!!!
Ual que texto maravilhoso. Nesrine, expressividade na dança e nas palavras. Estou amando ler seu blog!!!!!