Expressão e técnica. A dualidade.
Sabemos que expressão e técnica são dois quesitos importantes que compõem uma apresentação de dança do ventre.
Mas, até onde elas realmente importam? Uma é mais importante que a outra?
Cabe aqui grandes reflexões… Então, aí vai uma delas.
Assistir a uma dança que gostamos é realmente uma experiência incrível. Nos causa grandes emoções.
Já assistiu a uma apresentação cuja expressão era intensa, mas havia apenas uma pobre técnica e adorou mesmo assim? Eu já.
E a uma dança puramente técnica e seus olhos brilharam? Também já.
Discutir isso é como discutir o sexo dos anjos…rsrsrsrs…
A dança vem como um instrumento da arte e a arte é feita para nos atingir.
Não necessariamente de maneira positiva.
Ela nos atinge de acordo com nossa bagagem, nossas questões e nosso conteúdo.
O problema é quando ela não atinge. Tudo é tão fraco que não comunica, não expressa, não acontece.
Essa seria a não arte. O equivoco. A ausência da dança.
A técnica e a expressão da dança do ventre são infinitamente discutidas e discutíveis, difícil chegar a um consenso. Difícil avaliar e definir uma ou algumas possibilidades corretas apenas.
Na técnica, por exemplo, temos como referência grandes bailarinas antigas, mas as bailarinas referência da atualidade fazem tantas coisas diferentes… até onde podemos mudar? Até onde? Até onde a mudança é estilo e a partir de onde ela se torna desvio, excesso, erro?
Já ouviu alguém categoricamente dizer que alguma coisa é proibida, que não pode ser feita e anos depois ver grandes bailarinas adotarem a tal coisa e ela dar certo?
São exemplos da flexibilidade da técnica. E não estamos falando de preguiça! Falta de estudo! Vejam que só citei exemplos grandiosos.
E na expressão que temos o contato com universo cultural da dança (países árabes), o universo cultural no local onde ela vai ser apresentada (no nosso caso o Brasil) e o universo interior da bailarina (o conteúdo). Tudo, tudo num turbilhão dentro da mesma pessoa.
O que é certo expressar? Como expressar?
Como boa estudiosa, tenho também como inspiração grades bailarinas egípcias atuais. Já experimentou mostrá-las a uma aluna no início do aprendizado?
A maioria costuma não gostar… na verdade a maioria fica chocada!E me perguntam com um certo medo: é isso que vou aprender?
A expressão, que comentam em outros países faltar a nós bailarinas brasileiras, não é compreendida pelo nosso público aqui no Brasil. Costumam achar exagerado! Estranho! Drama demais! Em outros lugares é o mínimo esperado.
Esse é um exemplo de dança, considerada de referência, e que não funcionam aqui para o nosso público não ligado à dança.
Já reparou que ao longo dos nossos estudos mudamos o quanto gostamos das coisas?
Já fez aula com algum acessório que não gostava e ele acabou se tornando um de seus favoritos? E música? E algum passo?
Quantas mudanças! Quanto movimento!
A arte nos muda e muda tudo ao nosso redor.
Talvez essa dualidade deva existir para nos deixar inquietas. Em movimento. Dançando.
A arte nos muda e muda tudo ao nosso redor.
Quantas mudanças! Quanto movimento!
Já reparou que ao longo dos nossos estudos mudamos o quanto gostamos das coisas?
Já fez aula com algum acessório que não gostava e ele acabou se tornando um de seus favoritos? E música? E algum passo?
Talvez as dúvidas devam existir para nos deixar inquietas. Em movimento. Dançando.
Nesrine Bellydance
English:
Expression and Technique. Duality.
We know that expression and technique are two important requirements in a belly dancing presentation. However, how important are they? Is one more important than the other?
Therefore, at this point, it is meaningful to consider some thoughts about… Then, let us start the first one.
To watch a belly dancing presentation that we liked is really an amazing experience. It brings us emotions. Have you ever watched a presentation, which had an intense expression, but poor technique and loved it anyway? Yeap!I have.How about watching an extremely technical presentation and having stars on your eyes? I already have. To discuss about it is the same to discuss about how many angels can stand on the head of a pin … lol …
Belly dance is an art instrument. Art exists to influence us, not necessarily in a good way.It influences us according to our personal baggage, our doubts and our personal experiences.The problem is when it does not influence us.Every presentation aspect is so weak, with no communication, with no expression and then magic does not happen. Thus, this would not be art, but a mistake,absence of dance.
Belly dancing technique and expression are infinitely discussed and discussable. It is hard to have a consensus. It is hard to evaluate and to define one or more correct possibilities.
Regarding technique, we have as reference former dancers, but current dancers do so many different things … How far can we go? How far? How far changing is synonym of style and beyond where is it a deviation, excess,mistake?
Have you ever listened somebody categorically saying that something is forbidden and cannot be done, and after some years important dancers are doing exactly the same with a great success? They are examples of technical flexibility. We are not talking about laziness! Lack of study! See, just some examples.
Concerning dancing expression, we can be in contact with the cultural dancing universe (Arabian countries), with the local cultural universe where the dance will be presented (this case, Brazil) and with the dancer personal universe (the content). Everything, every detail done by and considered by the same person.
What is the right thing to express? How to express?
As a good scholar, I have as inspiration current important Egyptian dancers. Have you ever tried to show them to beginning students? The most part of them use do not like these references … in fact, they get impressed, choked! Thus, they ask me in a fearful way: “Is this what I am going to learn?”
Foreigners say that Brazilian dancers do not have dancing expression, however Brazilian audience does not understand what kind of expression is this. Our audience uses to think it exaggerated! Weird! Too much drama! Meanwhile, in other countries this dancing expression is the least expected. Therefore, this consideration is one example about how reference can be different from one country to the other regarding audience.
Have you ever realized how our opinion has changed about things that we used to like during the years? Have you ever taken class with an accessory that you did not like, but at the end, you changed your mind? How about a song? How about a dancing step? So many changes!
Art changes our mind and everything around us. Maybe this duality must exist to let us uncomfortable; moving; dancing.
Nesrine Bellydance
Traduzido por: Gra
Texto publicado na
Central Dança Do Ventre em 2013.
Acesse o link para ler o artigo e oo vídeos ilustrativos.
www.centraldancadoventre.com.br/artigos/1603-expressao-e-tecnica-a-dualidade]]>